Dia #01, primeira parte da primeira etapa: “Le Départ”

13 de Julho, 5h00 da manhã. A tão esperada hora chegava…. Bem, a minha não chegou. Acabei por sair às 29h00 de dia 12! Como tudo feito “à hora” alguma coisa teria de falhar, falhou o sono. Mas nada de novo…. Se há coisa que nos faz levantar da cama a estas horas indecentes, essa coisa tem 4 rodas e mais de 20 anos. À beira dos quarenta, não, não fraquejaremos, ainda que o banco da frente seja único e corrido e o memorando da Troika por cá ficasse a aguardar-nos!!

A primeira parte do dia começava para mim a bordo do UI (sim, bem medidas as coisas o UI também participou na aventura). Encontro na Calçada da Ajuda rumo a Telheiras onde o UI voltaria ao estado de hibernação e onde se faria a concentração de mercadoria na Laranja. E coube!! Tetris mode....

5H54…. 37458 Kms “au compteur” da Laranja e aí vamos nós!! Atestar nas bombas da 2.ª Circular frente ao aeroporto, A1, A23 e A25 direcção à mítica Vilar Formoso para atravessar a fronteira. É de registar a perda de romantismo que este itinerário apresenta hoje, despojado de grandes máquinas trazidas pelos nossos queridos emigrantes e substituídos por inúteis TDI’s e afins adquiridos em renting, leasing, etc…. A isto não será igualmente alheia a "história" dos vôos low-cost. Quem não se lembra de "Vem Devagar Emigrante" eternizada por Graciano Saga?

Bem, e daí talvez não…. Sobrou este:

 Ainda antes da primeira vitória do dia, paragem no Intermarché de Vilar Formoso para atestar a geleira e comprar o belo chouriço…. espanhol. Por motivos óbvios este momento não foi registado, a somar às susceptibilidades que poderia ferir ainda nos obrigariam a uma nota de rodapé do género “Bebidas alcoólicas, consuma com moderação”….

Há um ritual obrigatório para quem percorre este percurso: Almoçar num dos variados restaurantes “de carretera” que polvilham o país vizinho. Nós não fomos excepção…. Table with a view....

Pensando bem há mais um ritual mas isso tem mais a ver com os inúmeros “club’s” que ficam ao lado desses restaurantes. Mas estávamos com pressa….

A esta hora o nosso amigo basco Asier Azkarate na basca e magnífica Donostia começava a ficar nervoso. “Eles vêm mesmo….”

A estonteantes 88 Kms/h….

 …. a imensidão e monotonia da paisagem das gratuitas autovias espanholas engolia-nos.

Mas nada que umas retemperadoras Super Bock com o referido chouriço espanhol não ajudassem a ultrapassar.

Cerca das 20h da tarde a orografia basca esperava-nos, conjuntamente com a típica e irritante chuvinha miudinha. Tropical, dirão alguns….

Às 22h, hora local, 976 Kms depois, a Laranja estacionava na garagem de Asier em Lezo. Sempre importante, a média de consumo: 7,4 lts/100 Kms.

Primeira parte da primeira etapa estava concluída…. e com toda a confiança. Faltam-nos agora cerca de 600 Kms até Thenay. Amanhã entramos “na” França. Até amanhã!

Thenay 2011, Coming Soon...

Opération Thenay 2011 from 4l50 on Vimeo.

Como habitante da Europa dita civilizada, gosto muito das TIC’s (quem não sabe o que são as TIC’s, que vá à Wiki e encontrará um maravilhoso exemplo).

Estou ciente que os milhões de seguidores do nosso Blog, anseiam pelas fabulosas histórias acompanhadas pelas não menos brilhantes imagens, só possíveis graças ao nosso infinito talento para escrever e fotografar... ah ….e também aos gadjets que felizmente hoje, se podem adquirir por troca de pontos “oferecidos” por qualquer operadora na área das telecomunicações.

Assim sendo, e como aperitivo enquanto esperamos pela abertura ao público do real relato da nossa ideal viagem, aqui fica a Curta de Présentation ….

Fomos.....e voltámos!

Estamos de regresso ao país após uma viagem que começou no bairro da Ajuda, em Lisboa, no dia 13 de Julho pelas 5.00h e terminou no dia 23 de Julho, às 20.00h em ponto, em Linda-a-Velha. Pelo meio ficaram 4428 quilómetros, percorridos num veículo com 38 anos e 4 meses, sem um único incidente. Pelo meio ficou também a inesquecível festividade do 50º aniversário da Renault 4L que, ao que parece, terá contado com mais de 1200 R4’s! Pelo meio ficou ainda um país lindíssimo do qual se recomenda vivamente a sua descoberta através da fórmula por nós utilizada: just drive….

Agora chegámos novamente ao Ponto Zero. Já não é o simples relato da preparação da nossa viagem mas sim o simples relato da nossa viagem. Histórias haverá algumas, fotografias haverá imensas!

Para já, fica a imagem do quadro de participações disponível em Thenay para que todos pudessem “assinar” a sua presença. E claro está, vaidosos como somos, não podemos deixar de referir que a primeira presença portuguesa registada (de muitas!!), foi a nossa!!

Envie você mesmo! #07 (esta agora não percebi...)

Mesmo, mesmo, mesmíssimo antes de "fecharmos" o blog, eis que, umas piratas que por sinal, conhecemos muitíssimo bem, nos enviaram esta curiosa e estranha imagem....

O que será que elas querem dizer com isto?? 

Esta agora..não percebi!!! ;)

"foto" by Ingrid & Ana!

O cromo mais difícil...

O cromo mais difícil.

Mesmo ao fechar do pano do tempo regulamentar para as preparações necessárias para atingir Thenay, a equipa conseguiu fechar a colecção da lista do equipamento mínimo com o ultra-raro, difícil e derradeiro cromo: o “P”! É isso mesmo! O famoso P, tão comum nos idos anos 70 do século passado! E era famoso porquê? Porque nessa altura (tal como hoje mas por outras razões) eram poucos os que ultrapassavam de carro as fronteiras da Lusitânia. Logo, o P conferia ao utilizador do veículo um estatuto summum de internacionalização que só tinha rival nos próprios conterrâneos que, por Agosto, inundavam as nossas estradas em romarias e a caminho delas, com dísticos de características semelhantes mas em que, no lugar do P tinham um F.

Nos finais de 80’s e inícios de 90’s, passámos a ser “europeus”. Havia que exterminar os malditos autocolantes! Bem-vinda matrícula branca de barra azul com categoria de 12 estrelas!

Mas hoje, quase a desistir das operações de resgate que me alimentavam a esperança de ainda poder encontrar um P bem vivo que colmatasse a falha das nossas matrículas negras sem categorias de qualquer estrela, eis que surgiu a derradeira dica: Fórmula 81 na Av. Defensores de Chaves! A loja que não deitou o P para o lixo, ao contrário do que o resto mundo fez com Portugal…

A caminho de Thenay, 100% euro-legais!

Envie você mesmo! #06

Os do costume...

Sábado 9 de Julho, a meio da tarde…

Bairro do costume, também conhecido por Bairro da Ajuda.

Fui presenteado pela visita do Palma, que interrompeu as suas obrigações paternas, para me entregar parte de mercadoria fundamental para levarmos na nossa viagem. Essa mercadoria, não era mais do que um monte de t-shirts, fabricadas no Bangladesh e vendidas pela desportiva multinacional francesa, igualmente do costume! Pois é; 12 dias na estrada assim nos obrigam. Quem visse o Fernando, pensaria que ele era mais um dos do costume aqui do bairro, a vender roupa de contrafacção, tal era a quantidade de tecidos que ele ostentava no interior da reluzente vermelha. Os mais atentos percebiam logo que não passava de um jovem arquitecto, entre mudas de fraldas, que tinha ido comprar roupa à tal multinacional francesa, uma vez que os do costume e que vendem trapos aqui no burgo (vulgo ciganos) não se deslocam de 4L mas sim em potentes e novíssimas Mercedes comerciais e brancas!

Mesmo antes da partida, aqui fica a minha contribuição, em dia de entregas, nesta famosíssima rubrica!

Enviei eu mesmo!

Envie você mesmo! #05

Lamentamos! 

(agora lamento a dobrar, pois acabei de editar o "post" e coloquei mais uma imagem no fim do texto (*).

É uma pena não contar nesta aventura com quem faz e domina Imagem. E quem, actualmente faz e domina Imagem, simplesmente “manda”!

Mas tudo bem! Contentemo-nos, para já, com alguns “clicks” brilhantes e oportunos!

Resumindo e baralhando, o Paulo não faz parte da nossa “crew”.

"Limita-se", de forma notável, a deixar “veneno”! 

Por mais manifestações "automotivas aniversariantes" que existam pela Europa, estas só são válidas enquanto existirem olhares tranquilos e despreocupados para as registar. 

(*) esta imagem tem um significado especial para mim e por isso a "encaixo" aqui à pressa antes de partir para Thenay. Foi uma verdadeira "garrafa de oxigénio", recebê-la via MMS, em abril de 2011, enquanto estava de "papo-para-o-ar" no Hospital Universitário de Coimbra! Como diria o Seabra, Tks Pablo!!!

[claro está que, tudo isto, é para o Paulo se sentir mal de não acompanhar este momento!]

1&2 . Fotos de Paulo Pedroso,  Lisboa, Abril & Julho de 2011.

...A Flu

Segunda-feira, 4 Julho de 2011.

Todas as aventuras deste calibre têm uma partida simbólica. Como nós somos gente de alto calibre e nos vamos meter numa aventura, pensámos que também a nossa devia ter a tal partida simbólica. E foi o que fizemos, por iniciativa do André, no mais emblemático local das tertúlias clandestinas de utilizadores de 4L’s: a Flu, também conhecida por Estação Fluvial de Belém. Seria tremendamente injusto da nossa parte não haver qualquer referência a este mítico local, aqui, na nossa blogosfera. Aliás, o ar pensativo do Fernando demonstra já uma certa nostalgia pelo sítio…ou estará a pensar algo do género “será que hoje me vou escapar de mudar as fraldas do Kid?”

Provavelmente, só nos voltaremos a juntar os 3 no pós-Thenay, aquando da entrega ao André de uma encomenda que ele nos fez, que não será nada mais nem menos do que (mais) uma peça de mobiliário para o seu quarto: Um pára-choques traseiro para uma Renault F4. Eu, como pessoa ligada à arquitectura e que na minha longínqua adolescência cursei Equipamento de Interiores na Escola António Arroio, tenho muita curiosidade em conhecer este espaço que dá pelo nome de “quarto do André” e que seguramente estará repleto de peças de Autor, de mobiliário….francês! 

Adiante…E assim foi, como bons tugas, que nos encontrámos mais uma vez ao final do dia para discutirmos alguns pormenores da viagem, acompanhados pelas habituais bjecas e os habituais tremoços. Infelizmente, ao que parece, não foi conseguido um dos objectivos desta partida simbólica: fazer com que a partida fosse a três! Nem de Airbus o André nos acompanhará!

Cá estaremos na chegada simbólica!

Uma pequena lista....

Bem, para que isto corra pelo melhor, decidimos começar a fazer uma listinha.... Felizmente os bancos traseiros rebatem.

LES PIÈCES:

- Comprar uma caixa;
- Chave suplente;
- Fio eléctrico;
- Platinados;
- Velas;
- Bomba gasolina;
- Vaso de expansão plástico;
- Lâmpadas;
- Ferramentas (kit F);
- Ferramentas (kit J);
- Cabos de bateria;
- Dístico Autocolante “P”;


POUR LE CAMPING:

- Tenda;
- Sacos-cama;
- Colchões;
- Esponjas;
- Cadeiras;
- Geleira;
- Lanterna;
- Esteira;
- Martelo;
- Sacos-Duche;
- Corda/molas;
- Álcool;
- Isqueiro;


DIVERSOS:

- Cartão seguro europeu de saúde;
- Kit primeiros socorros;
- Kit higiene (com muito papel higiénico, serve para tudo);
- Mapas;
- Mapa das etapas do Tour;
- GPS;
- Bloco de notas;
- Faca;
- Pratos e talheres de plástico;
- Câmaras digitais;
- Mochila;
- Toalha e calções de praia;
- Cartões;
- Carregadores telemóveis, câmaras e GPS;
- Máquina de barbear;
- Lanterna;
- Esteira;
- Martelo;
- Sacos-Duche;
- Corda/molas;

- ....E a indispensável Bola de futebol....



Em 1993.... o pacote completo:




A lista está em constante actualização. Mandem umas sugestões!

...As novas tecnologias!

Não, ainda não chegámos a Thenay!

Mas graças às novas tecnologias de informação e comunicação, podemos antecipar a chegada.

O que seria de nós sem o Google-Earth! Como foi possível viver mais de 35 anos sem esta brilhante ferramenta…

Fica aqui o convite; Abram o Google-Earth e explorem o “Street-view”, em Thenay, bem como nas suas imediações. São imagens de 2011, muito recentes! Obviamente o 50º aniversário da 4L não passaria despercebido aos homens que fotografam o planeta. Um delicioso aperitivo para quem se predispõe a conhecer uma zona rural de excelência numa das mais famosas regiões de turismo em França: O Vale do Loire. Acho que vale muito a pena!

Vale bem a pena, ainda que de modo virtual, dissecar de forma aleatória tudo o que se passa à volta de Thenay. Neste mapa ficam registados alguns locais a não perder. Por exemplo, entre Amboise e Chambord não vão mais do que 50 km...

Amboise

Chateau de Chambord

Todo o périplo da zona terá que ser feito de modo a deixar a localidade de Chateau-Renault para o fim. Estaremos cansados e como tal, merecemos ser bem recebidos. Parece que é uma pequena aldeia com gente muito boa e que sabe receber todos aqueles que divulgam o nome da terra.....

Comité de recepção de Chateau-Renault:

Vive la France!

..Já falta pouco!

....Está na Hora!!!

De 12 meses faltantes, passámos para 12 dias! Faltam 12 dias para o 3ème International 4L de Thenay! Faltarão 10 dias para nos fazermos à estrada…

Para o percurso de ida, com cerca de 1600km, decidimos fazer o caminho mais “rápido” e curto. Não deverá oscilar muita da seguinte estrutura: Lisboa, V.Formoso, Salamanca, Burgos, Donostia, Biarritz, Bordeaux, Poitier Tours e….Thenay! Quanto ao caminho de regresso....ya veremos!

A dúvida está ainda em saber se dormimos em Donostia (San Sebastian) em casa de uma amigo (Asier…vai-te preparando!) ou se, passaremos em Donostia para almoçar com ele. Tudo dependerá da nossa força (e da máquina) para o tiro inicial (Lisboa-Donostia). Ya veremos…

Não será para nós um percurso inédito, nem na forma, nem no conteúdo. A “novidade” residirá em saber se à porta dos ternurentos “quarentas” as nossas forças estarão à altura de viajar num carro ruidoso, que atinge como velocidade máxima os 90km/h e que dispõe de banco corrido à frente. Se o pendura quiser esticar as pernas para descansar, o condutor fica sem conseguir chegar aos pedais….

A outra grande novidade será o facto de um elemento da crew ter sido promovido à condição de recém-pai, deixando assim uma cria de alguns centímetros, por uns diazitos, aos exclusivos cuidados maternais. Ya veremos…..

A questão é que faltam 10 dias para a Partida-Largada-Fugida! E perguntar-se-ão as nossas centenas de milhar de leitores: “então, já têm tudo preparado? Ou pelo menos quase?” – a pergunta é mais do que legítima. A resposta é mais do que óbvia: Não! E, em bom português, de época, para além de uma simples revisão à máquina, não fizemos nem preparámos a “ponta-dum-corno”. Seguramente iremos estar na véspera a verificar as pressões dos pneus, iremos estar numa estação de serviço em Burgos a verificar se o pneu suplente nos acompanha com ar e, provavelmente, iremos estar na Decathlon de Biarritz a comprar uma tenda de campismo que ficou esquecida em Lisboa…

Ou talvez não. É uma simples viagem, preparada com toda a simplicidade e normalidade que nos caracterizam enquanto pessoas “normais”…ou não!

Ya veremos….

1. fotografia, pulso e relógio de Luiz Martinez Artola;

2. extracto cartográfico dos altos técnicos da NASA..

3. a caminho de Soria, Maio de 2005...