sábado, 24 de setembro de 2011

Dia #06...Agora sim, vamos de passeio!!



Segunda feira, dia 18 de Julho, dia #06 da nossa viagem. Seria oficialmente o primeiro dia de turismo. Sim, porque os 5 dias anteriores tinham sido de árduo trabalho…
Pela manhã, parecia que o “Verão francês” estava disposto a dar algumas tréguas. Uns quilómetros mais adiante verificaríamos que não; o “Été de merde” tinha vindo mesmo para ficar, pondo a toda a prova a única velocidade disponível no motor das escovas do limpa pára-brisas da Laranja.
Bem refeitos de uma repousante noite num quarto com tecto e telhado de um típico hotel routièr de 2 estrelas, iniciávamos a semana de ataque às boulangerie patisserie locais para satisfação do pequeno-almoço. Petit café noir (nunca chegámos a encontrar cafés de outras cores), croissants e baguetes com a largura da 4L, eram as primeiras compras do dia. Seguiamos para os “Intermarchés”, “Supers Us” e tretas semelhantes para abastecermos a viatura de bens de primeiríssima necessidade. Pack’s de Kro (Kronenburg), gelo vendido como se de diamantes se tratasse (€ 3,00 o saco) e charcutaria local “made in Spain”, ajudavam a criar ambiente no pouco espaço disponível do banco traseiro da Laranja. E o Filipe Peixinho, companheiro de lides em Thenay e mestre da caipirinha, ainda ponderou regressar a Portugal connosco. Só mesmo no tejadilho restava algum espaço. A bem do Filipe, e para que não se esquecesse para onde regressava, pode fazer a viagem como pendura dum Mestre-de-Obras (vulgo empreiteiro) que, segundo consta, tinha como passatempo nas entediantes carreteras espanholas, trincar unhas e devolvê-las à natureza, com um valente sopro, através das vigias da sua imaculada 4L.
Sem qualquer outro destino que não fosse rumar a sul, lá descíamos nós, tranquilamente pelas estradas mais secundárias que descortinávamos; eram elas as famosas “Dês” (route départementale), indicadas no Michelin ainda em formato papel, a branco ou amarelo. Nestas estradas, a Laranja está como “peixe na água”. Penso que o Seabra e o Palma também. Não fosse a chuva…
A modalidade dos almoços seria como há 20 anos atrás; sair da estrada secundária para a estrada terciária, encostar na berma da mesma, sacar do canivete suíço e…mais nada será necessário dizer. Depois, claro, como bons tugas íamos “à bica” na aldeia seguinte.
Neste dia, ficaríamos na região de Tulle. Tivemos ainda o privilégio da visão da colossal dimensão do Viaduc de Tulle (850m de tabuleiro, com 150m de altura), na A-89 que liga Bordeaux a Clermont-Ferrand.
A fome para o jantar apertava e havia que encontrar poiso. Ficaríamos numa casa particular transformada em Bed & Breakfast, no meio de uma quinta, em ambiente totalmente rural com cães, tractores e cheiro a estrume, nas imediações de Beaulieu sur Dordogne.
Ao jantar, no único restaurante da aldeia com ar de restaurante, pudemos assistir a algo que, pelo menos eu, nunca tinha assistido; um rapaz novo, bem aparentado, que jantava de forma romântica com a sua companheira, usava a sua melhor educação para comer um belo bife: agarrava-o firmemente com as duas mãos, elevava-o até a boca e trincava-o com convicção, enquanto o molho lhe escoria pelas mãos em direcção aos cotovelos. É nestas alturas que nos sentimos gratos por não andar a viajar por países do terceiro mundo!
Enfim, as nossas costas começavam a reclamar algo. Pelo contrário, a Laranja nada reclamava. Estava fresca, fresquinha, como no dia em que terá saído das fábricas da Guarda, no início de 1973…
Vamos prá quinta que se faz tarde!

Argenton s/ Creuse | Palma verifica as coordenadas a seguir. E a primeira coordenada seria o supermercado local onde até nos estacionamentos se encontra um pouco de história...



D940 (direcção Géret) | ....encontra-se um pouco de história por todo o lado. São ainda em número considerável postos de abastecimento de combustível que parecem ter parado no tempo. Também não é difícil encontrar nos seu interiores resquícios da história da indústria automóvel francesa.


Bonnat | Palma verifica a não-existência de gelo na geleira. Felizmente, o dono do café onde parámos para a bica matinal, ofereceu-nos um pouco de gelo. Mas só um pouco!!
Bonnat | trânsito e movimento intensíssimo no centro....
Algures....para repasto merecido...

  


 Bourganeuf | D940/D940A




Eymoutiers | D940



 Ruas "engalanadas" para as festas de verão...(verão?)

Viaduc de Tulle | A89 - Bordeaux-Clermont-Ferrand
Beaulieu s/ Dordogne | a "nossa" casa de campo...

Beaulieu s/ Dordogne | centro da vila.

Ao contrário de há 20 anos, já não somos tão rigorosos com a identificação dos locais onde tiramos as fotografias, até porque, há 20 anos dispúnhamos de rolos de 36 slides que tinham que ser geridos com o maior cuidado. As facilidades do digital permitem-nos alguma preguiça/descuido. Logo, é possível que mais à frente, a bota não bata com a perdigota e algo possa falhar nas legendas das imagens. Até porque, mais uma vez, a memória já não é a mesma. Que se dane; estas imagens já ninguém nos tira. A dificuldade maior é controlar a enorme vontade de regressar sempre que se faz o upload de qualquer fotografia....



7 comentários:

  1. GRANDES, GRANDES fotos João!!

    AAlves ;)

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  2. Nice photos.
    Erm, number 9 - did you actually eat that? It looks like something that dropped off the back of a cow. Perhaps best served to the boy in the restaurant.

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  3. @Pete G.
    Gato escondido com o rabo de fora!!! Apanhaste-me muito bem!!!! heheheheheh!!!
    Entretanto, começo a desconfiar que não usas o tradutor do Google; Começo a acreditar que sabes e conheces MUITO BEM a língua portuguesa!!!!

    Cheers!!

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  4. Só um comentário, as festas de verão "na França" rural não têm o Marante e a Rosinha!
    Muito menos mines Sagres e sardinha assada.

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  5. @ Quim:
    Para que não restem dúvidas, as festas de verão em França NÃO TÊM NADA!!! Só mesmo bandeirinhas nas ruas desertas. Por altura do inverno, sim; aí podemos contar com o Marante, o Norberto Ferreira, entre outros, no Zenith de Paris!!!

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  6. Mas João, tu sabes bem que Paris não conta, é só a maior cidade portuguesa em número de habitantes. Tal como a Buraca é a maior cidade Cabo Verdiana.

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  7. que reportagem fotográfica, João!

    "Oly forever" :)

    Muito fixe.

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